Nadine Gordimer em entrevistas

Nadine Gordimer nasceu na África do Sul, onde continuou vivendo, em uma luta contra o regime segregacionista do Apartheid e seus lastros. Desse lugar, nutria sua criatividade, ao mesmo tempo em que se posicionava pelos escritores africanos silenciados. Sua mãe era londrina, seu pai, lituano. Seu marido Reinhold Cassirer foi um refugiado da Alemanha nazista. Sua filha se estabeleceu na França e, seu filho, nos Estados Unidos (Wästberg, 2001).

Neste momento preparatório para nossa conversa sobre seu romance “O engate”, que tal dar uma espreitada em entrevistas que concedeu? Listamos algumas a seguir e, no final, um ensaio de sua autoria.

(1) “Cada escritor ilumina um pouco o mundo.”

“Como é discutir seu trabalho em público, em festivais literários como este?

Nunca falo sobre as coisas que escrevo, a não ser que façam uma pergunta específica. O melhor dos escritores está no que eles escrevem, nos livros. É melhor ler os livros e não encontrar o autor (risos). Em geral falo sobre como comecei, o que faz um escritor, esse tipo de coisa. Mas descrever meu próprio trabalho… Está tudo lá, nos livros.”

 (2) “Mi escritura nunca fue un grito contra el racismo. Eso lo hice con mis acciones.”

“¿Es esa capacidad para llegar hasta lo más hondo de otros seres humanos lo más maravilloso de la literatura?

Todo surge de la creación del personaje. Los escritores somos excepcionalmente observadores, en eso somos un poco como los niños. Nosotros no nos fijamos sólo en lo que se está diciendo, también observamos el lenguaje corporal. Y todo eso lo utilizamos para crear a personajes que respiran vida. Toda escritura es un viaje de descubrimiento. Estamos investigando en las vidas de distintas personas, en distintas circunstancias y edades. Es un viaje al misterio de lo humano. Es lo que encuentras en los grandes autores, los que me han iluminado, de Tolstoi a Shakespeare o Proust.”

 (3) Nombrar lo innombrable.

“Salman Rushdie dijo en una ocasión: “Un novelista existe para decir lo indecible, para expresar lo innombrable”. Creo que eso describe, de una manera hermosa, exactamente lo que siento. A menudo me pregunto cómo entrar en personajes completamente distintos a mí. Yo no tengo religión, soy atea, pero hay escritores a quienes admiro que son de una religiosidade profunda y me pregunto cómo se plantean la vida, ya que yo no tengo explicaciones para los misterios y ellos sí las tienen.”

 (4) Nobel de 1991, Nadine Gordimer investe contra o governo de seu país.

“Seu trabalho atual se notabiliza principalmente pelo combate à censura em seu país.

Sim, ainda corremos o risco da mordaça, pois agora, a comissão que avalia a mídia ameaça voltar. Escrever pressupõe uma interação com os leitores. Se o trabalho e a liberdade do escritor estão em risco, a liberdade de cada leitor também está ameaçada. Depois de lutar tantos anos contra o apartheid, período em que vi pessoas morrendo pela causa da liberdade, não imaginava que fosse preciso lutar novamente contra o governo.

Como a senhora define seu engajamento?

Bem, sou uma escritora, portanto, a liberdade de expressão é primordial para minha atividade. Acredito na existência de duas bases para a liberdade. Uma é a de se poder votar à sua escolha e outra é a liberdade para se dizer o que pensa, seja a imprensa, seja o cidadão comum. Isso pode parecer um tanto óbvio para você, mas, acredite, é uma conquista para meu país.”

 (5) “Llegué a sentir que no hacía lo suficiente.”

“¿Nunca pensó en marcharse, como Coetzee, el otro Nobel?

Durante la lucha contra el ‘apartheid’ hubo momentos en los que llegué a sentir que no hacía lo suficiente. Además, prohibieron tres de mis libros y hubo otras cosas de las que no quiero hablar…

¿Recibió amenazas?

Digamos que mi marido y yo corrimos muchos riesgos. No vivíamos la vida de los blancos. Infringíamos la ley continuamente. Nuestra casa estaba llena de gentes de todos los colores. Escondimos a muchos…

¿Por qué no quiere hablar de todo esto?

Porque otras personas sacrificaron mucho más que nosotros. Tengo amigos cuyas familias quedaron rotas. Gente que se consumió en la cárcel. Yo creo que un verdadero revolucionario deja a un lado su vida, por completo, y yo no lo hice. Acepté las limitaciones. Pero creo que me gané el derecho de ser africana. Y cuando votamos en 1994 todos juntos, blancos y negros, lo sentí como un triunfo.”

(6) “Escribes para quien te quiera leer, no importa dónde este”.

“¿Después de ganar premios, entre ellos el Nobel, y de su labor como activista, qué me dice del éxito?

Conocer el éxito como escritor está bien, pero existen otras responsabilidades como ser humano. Puedes tener éxito en tu profesión pero tener problemas con tu familia o tus hijos. En mi caso, me casé con un hombre maravilloso, que me dio libertad para escribir. Es como tener dos vidas: la responsabilidad familiar y cívica; y la responsabilidad profesional o laboral. El Premio Nobel está bien, desde luego el dinero ayuda, pero hay otras cosas.”

(7) Crítica Literária

“Sim, considero os críticos úteis, mas você tem que se lembrar que eles estão sempre atrasados em relação aos fatos, não? Porque aí a obra já está feita. E o momento em que você descobre que concorda com eles é quando eles chegam às mesmas conclusões que você. Em outras palavras, se um crítico discorda de alguma coisa que eu sei no meu entendimento que está certa, que fiz o melhor que pude e que está bem feita, não sou afetada pelo fato de que alguém não gostou. Mas se tenho dúvidas quanto a uma personagem ou alguma coisa que fiz e essas dúvidas são confirmadas por um crítico, então sinto que as minhas dúvidas se confirmaram e estou pronta a respeitar as objeções daquele crítico… É claro que isso depende muitíssimo do crítico. Há uma ou duas pessoas, que não são críticos de profissão, a quem eu dou meus livros para ler, até mesmo em manuscrito. Fico doente de apreensão enquanto o estão lendo. E certamente há determinados críticos que me atingiriam profundamente se dissessem: ‘Bom, este aqui é uma porcaria’. Mas isso ainda não ocorreu”.

  

nadine gordimer - foto - cia das letras

 

Ensaio. The Essential Gesture: Writers and Responsibility. The Tanner Lectures On Human Values, Delivered at The University of Michigan, October 12, 1984.

“Responsibility is what awaits outside the Eden of Creativity.”

 

Lembrando que discutiremos o romance “O engate”, de Nadine Gordimer, no dia 25 de agosto de 2018, aqui. Até lá!

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